O que não falta hoje em dia são textos a respeito do momento único que estamos vivendo. Tenho lido muito sobre como nós, profissionais do mercado, devemos agir em meio à pandemia e ao desemprego, mas sinceramente vi pouco publicado a respeito de como conectar o momento atual com nosso aprendizado.
Para mim, na verdade a questão transcende este momento difícil. Uma coisa que aprendi ao longo da carreira, é que, sim, momentos de crise são ótimas oportunidades para pensarmos em nosso desenvolvimento, por qualquer que seja o motivo.
Por um lado, o cenário atual disponibiliza inúmeras possibilidades gratuitas de aprendizado: plataformas de ensino, cursos online, canais no YouTube… Você sabe, elas estão todas lá. Contudo, se o custo financeiro é baixo, o custo pessoal de esforço não necessariamente é!
Da proposta de Carol Dweck, autora do best-seller Mindset, a respeito do Growth Mindset, que nos mostra que a busca pelo autodesenvolvimento depende da atitude certa de cada um de nós, passando pela visão a respeito de como nossa personalidade afeta nossa forma de aprender, o fato é que a capacidade de se desenvolver depende muito do indivíduo. E, a meu ver, esse é o momento de não se deixar abalar e buscar isso.
Eu vou me ater à questão da personalidade. Nossa forma de aprender varia de acordo com os traços de personalidade ligados ao nosso desenvolvimento cognitivo. Especificamente, existem pessoas mais propensas a aprender com a experiência e outras que preferem métodos mais formais de aquisição de conhecimento. E é claro, existe um contínuo entre esses dois extremos e, de fato, a maioria de nós está posicionada em algum ponto entre esses extremos.
As pessoas mais capazes de tirar proveito da experiência são muito admiradas nos ambientes de inovação por sua agilidade. A Erin Laxson, pesquisadora do Hogan Institute, demonstrou até o quanto isso afeta a performance e o aprendizado (o impacto é positivo, mas não se sustenta ao longo do tempo, já pra dar o spoiler!). Essas pessoas, pela minha experiência, conseguem também transformar esse conhecimento em aplicações práticas de forma mais ágil, para usar o termo da moda. Minha recomendação, se você se identifica com esse perfil (ou, melhor ainda, se já confirmou isso com um assessment), é que você dê foco à profundidade do conhecimento quando necessário, para evitar ficar em um nível muito superficial.
Outras pessoas têm a tendência a buscar um estilo de aprendizado mais formal. Mas, claro, não estamos mais falando de apostilas e livros. Hoje, vídeos, cursos online e artigos em blogs e no Medium fazem a função dessa transferência mais estruturada de conhecimento. Na inovação, esse perfil tem o papel de conferir fundamentos a novas formas de abordar problemas, além de serem pessoas com mais recursos metodológicos em várias fases do processo, como no levantamento de hipóteses junto ao consumidor. Para essas pessoas, o desafio é conseguir fazer isso com agilidade, mas provavelmente elas já sabem disso.
Portanto, seja qual for seu estilo, essa é a hora de trazer novos conhecimentos e aplicá-los ao que você faz hoje ou quer fazer no futuro. Desenvolva essas competências com calma, mas de forma assertiva. Esteja pronto ou pronta para o que virá pela frente, o mundo não vai continuar como ele está hoje, mas será certamente uma versão atualizada, na qual as pessoas que têm mais recursos para resolver problemas de forma mais criativa se destacarão.
Sugiro que você não espere para ver como será, mas ajude a criar essa nova realidade. É assim que pensaram os cientistas que desenvolvem algumas das possíveis vacinas contra o coronavírus e também os donos de milhares de pequenos negócios que precisaram adaptar seu modelo para sobreviver.
Muitos parecem estar conseguindo. E você?