Há alguns meses, nossa equipe foi contatada por uma startup, que havia participado de um webinar que conduzimos a respeito de gestão de pessoas. Eles nos pediram para ajudá-los com um desafio: o rápido crescimento empresa e os efeitos que isso estava gerando nas atividades da equipe. Entre os problemas, jornadas mais longas, perda do clima de camaradagem e confusões de escopos das funções e responsabilidades.
Bem, para começar, que empresa não gostaria de ter esse desafio de ‘crescer rapidamente’? É algo que provavelmente a grande maioria das startups espera ter em seu caminho. Mas o desafio apontado por essa empresa não deve ser ignorado. Em artigo publicado este mês, o professor de comportamento organizacional Robert Siegel, da Stanford Business School, alerta para o fato de a maioria dos desafios em startups estarem relacionados ao capital humano.
Analisemos, por exemplo, uma das reclamações recorrentes em startups: as longas horas de trabalho. O problema é difícil de ser diagnosticado, pois trabalhar muitas horas parece ser algo já esperado para uma empresa que está começando. Nesse contexto, as pessoas com maior resistência física ou disponibilidade para trabalhar noites, finais de semana e feriados deveriam ser as melhores opções de contratação para as startups, mas não é o que vem sendo constatado nas pesquisas da área de comportamento organizacional. Em estudo publicado na Harvard Business Review pelo professor Erin Reid (Universidade de Boston), os gestores de uma consultoria não conseguiam diferenciar os resultados de quem trabalhava 80 horas por semana dos outros funcionários que trabalhavam menos. Mais do que prejudicar a saúde mental e física das pessoas nessas condições – vide o estudo de Marianna Virtannen, do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional – já se comprovou que esse comportamento afeta negativamente o resultado das empresas. Raciocínio semelhante pode ser conduzido para as outras reclamações também frequentes.
Mas qual é o remédio para as startups? Na edge Brasil trabalhamos com a premissa de que a solução não é simplesmente trabalhar menos, mas trabalhar melhor. Trabalhamos com uma teoria que mostrou como manter os colaboradores motivados e satisfeitos no desempenho de suas tarefas: a teoria do fluxo.
De autoria de Mihaly Csikszentmihalyi (lê-se “Sizentsmirrali”), de origem croata e radicado nos Estados Unidos, onde obteve seu PhD em Psicologia pela Universidade de Chicago, a teoria do fluxo prevê que o indivíduo precisa manter-se desafiado e, ao mesmo tempo, utilizando suas habilidades máximas para obter maior desempenho. Essa combinação levaria as pessoas à uma satisfação intrínseca, seja na vida profissional ou pessoal. Por sinal, a teoria do fluxo tem ampla aplicação não só no comportamento, mas também em estudos de artes e esportes.
Estudos subsequentes comprovaram que, ao utilizar suas habilidades ao máximo para atingir um desafio, os colaboradores das empresas têm um aumento significativo no interesse por suas tarefas e até em seu bom-humor no trabalho. E para quem acredita que bom humor não resolve nada, já se sabe que um funcionário mais bem-humorado encontra novas formas de tornar seu trabalho mais eficaz, faz mais sugestões construtivas para melhorar o funcionamento geral de sua equipe, além de o encorajar a tentar maneiras novas de fazer o seu trabalho.
Sabemos que essa é uma de nossas missões na edge Brasil: conseguir auxiliar os startups a colocar seus colaboradores e sócios em estado de fluxo. Para conseguir isso, é preciso deixar para trás aquele dogma de investir em ações motivacionais e atacar a raiz do problema. Nossa experiência e uma série de especialistas mostram que essa pode ser uma condição para o sucesso tão importante quanto um produto de alto potencial e o investimento inicial. Além de incorporar práticas importantes relacionadas ao capital humano ao dia-a-dia das equipes, é preciso dedicar esforço para identificar como levar seu time ao melhor desempenho que ele pode entregar.
E quanto ao cliente lá do começo da história, após algumas recomendações relacionadas a comunicação da equipe, nós os ajudamos a rever o organograma, aumentando seu score de fluxo. Identificamos que o problema não seria resolvido com a contratação de novas pessoas, mas ajustando o desafio e a função das pessoas que já estavam na empresa, gerando de imediato redução de custos da origem de 7%, por evitar novos custos com processo seletivo e novas contratações, melhora da produtividade em 12% (medida pela capacidade de prestação de serviços por mês, após as intervenções), além de embasar a construção da plataforma de pessoas necessária para avançar nos objetivos e tornar-se mais escaláveis. Agora eles se sentem prontos para a próxima fase, segundo palavras do CEO da empresa.
E o seu time, está em fluxo?
Gustavo Viegas
CEO – edge Brasil
¹ http://www.gsb.stanford.edu/insights/people-challenges-can-sink-startups
² https://hbr.org/2015/04/why-some-men-pretend-to-work-80-hour-weeks
³ https://hbr.org/2015/04/working-long-hours-makes-us-drink-more
⁴ https://hbr.org/2015/08/the-research-is-clear-long-hours-backfire-for-people-and-for-companies?utm_source=Socialflow&utm_medium=Tweet&utm_campaign=Socialflow
₅ Eisenberger, R., Jones, J.R., Stinglhamber, F., Shanock, L., Randall, A.T. Flow experiences at work: for high need achievers alone? Journal of Organizational Behavior, 26, 755–775 (2005)
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